1. Introdução

Este trabalho tem como objetivo geral aplicar ferramentas de inteligência artificial em um projeto de modelagem 3D voltado ao design de jogos. Os objetivos específicos incluem: explorar ferramentas como o Blender com suporte a IA, avaliar os ganhos em produtividade e criatividade, e refletir sobre as limitações e desafios encontrados ao longo do desenvolvimento.

1.2 Objetivos

O presente projeto justifica-se pelo crescimento da inteligência artificial como ferramenta de apoio à modelagem e criação digital, sobretudo em ambientes de desenvolvimento de jogos. A capacidade de automatizar tarefas repetitivas, gerar conteúdos variáveis e acelerar fluxos de trabalho faz com que a IA se torne uma aliada importante no processo criativo, principalmente para pequenos desenvolvedores ou artistas independentes. Ao aplicar essas ferramentas em um protótipo de ambiente sandbox, o projeto visa investigar na prática como a IA pode ser integrada sem comprometer a expressividade artística.

2. Conceito

2.1 Premissa

O projeto consiste na criação de um ambiente digital no estilo sandbox, utilizando ferramentas de modelagem assistidas por inteligência artificial. A proposta central é explorar a combinação entre técnicas tradicionais de modelagem 3D e recursos de IA generativa, visando aumentar a produtividade e oferecer maior liberdade criativa na construção de mapas, objetos e personagens. A ambientação escolhida remete a um mundo de fantasia naturalista, onde o foco está na interação do jogador com o ambiente e na estética detalhada dos elementos do cenário.

2.2 Gênero

O protótipo se encaixa no gênero sandbox/exploração, com influências de jogos como Minecraft, Valheim e The Forest. O estilo permite liberdade criativa para o jogador, que poderá interagir com o cenário e construir ou modificar elementos do mundo virtual, de forma não linear.

2.3 Plataforma

O protótipo será desenvolvido com foco inicial para plataformas desktop, com potencial de exportação para dispositivos móveis ou realidade virtual, dependendo das limitações técnicas e da complexidade dos assets gerados. A ferramenta base utilizada será o Blender, com add-ons e plug-ins de IA integrados ao fluxo de trabalho.

2.4 Público-alvo

O público-alvo são jogadores independentes e entusiastas de construção criativa e imersiva, com idades entre 15 e 35 anos. Além disso, desenvolvedores e artistas iniciantes que desejam aprender sobre modelagem com suporte de IA também estão entre os usuários interessados no projeto como ferramenta educacional.

2.5 Estilo visual

O estilo visual escolhido para o projeto combina realismo estilizado com traços artísticos suaves, buscando um equilíbrio entre identidade visual marcante e viabilidade técnica. A IA será utilizada para gerar texturas, variações de formas orgânicas e detalhes em objetos que demandariam mais tempo em um processo totalmente manual.

2.6 Referências

As principais referências visuais e mecânicas vêm de jogos como Subnautica, Valheim e No Man’s Sky, que combinam liberdade de movimentação com ambientes vastos e visualmente ricos. Em termos de ferramentas, destaca-se o uso do add-on Dream Textures no Blender, que permite gerar texturas com base em prompts de texto utilizando modelos de IA como Stable Diffusion.

3. Detalhamento do Produto/Protótipo

3.1 Ferramentas Utilizadas

O projeto foi desenvolvido utilizando o software Blender, amplamente adotado na indústria de modelagem 3D por sua flexibilidade e código aberto. Para integrar a inteligência artificial ao fluxo de trabalho, foi utilizado o add-on Dream Textures, que permite a geração de texturas diretamente dentro do Blender por meio de modelos baseados em Stable Diffusion. Além disso, ferramentas auxiliares como o Photoshop (com IA generativa) e plataformas online de geração procedural de terrenos e árvores, como Gaea e TreeIt, foram incorporadas ao processo para enriquecer o resultado visual.

3.2 Integração da Inteligência Artificial

A inteligência artificial foi aplicada em dois principais pontos do desenvolvimento: geração de texturas e criação de variações e detalhes em objetos. Através de prompts em linguagem natural, foi possível criar texturas únicas no Blender, e gerar modelos de alta complexidade como rochas e troncos com formas orgânicas e imperfeições realistas.

3.3 Processo de Modelagem

O protótipo consistiu na construção de um pequeno ambiente natural, com elementos como terreno, vegetação, estruturas simples (como uma cabana ou ruína), e objetos interativos. O terreno foi esculpido manualmente e a IA foi usada na geração de texturas e superfícies. A vegetação foi posicionada proceduralmente, e os objetos modelados com base modular.

3.4 Vantagens observadas

Durante o desenvolvimento do protótipo, observou-se que a utilização da inteligência artificial reduziu significativamente o tempo de criação de assets visuais. Também permitiu maior liberdade e experimentação, mesmo para usuários com menos experiência técnica.

3.5 Limitações e desafios

Apesar das vantagens, também foram observadas limitações como a necessidade de ajustes manuais, ambiguidade nos prompts e exigência de hardware mais potente. Tais fatores devem ser considerados na adoção prática da IA no processo de criação.

4. Considerações Finais

O desenvolvimento deste projeto permitiu observar, na prática, o impacto e as possibilidades do uso da inteligência artificial no processo de criação digital, especialmente no campo da modelagem 3D para jogos. Por meio da integração entre ferramentas tradicionais, como o Blender, e tecnologias baseadas em IA generativa, foi possível alcançar resultados mais rápidos, com maior variação visual e maior liberdade criativa.

A utilização de IA para geração de texturas e modelagem de objetos proporcionou não apenas agilidade, mas também uma nova forma de interagir com os processos criativos, permitindo que mesmo usuários com menor domínio técnico em pintura ou escultura 3D pudessem produzir conteúdos de qualidade.

Entretanto, também foram identificadas limitações no uso dessas ferramentas. A dependência de experimentação, a necessidade de ajustes manuais e a exigência por hardware mais potente ainda representam barreiras. Além disso, o uso ético da IA na criação de conteúdos — especialmente quando se trata de reutilização de dados — continua sendo um tema de debate.

Conclui-se, portanto, que a inteligência artificial representa um avanço significativo no suporte à modelagem digital, sem substituir a criatividade humana, mas ampliando as possibilidades de exploração visual e artística no design de jogos.